Relatos do que aconteceu a cada dia, escritos por quem lá está.


Junta-te a nós: este é o momento! Faz a mala e aparece.
Descobre aqui onde vamos estar nos próximos dias.
Junta-te dia 16 à Marcha pela Justiça Climática em Lisboa.



A Caravana começou! Que momento inspirador, enérgico, desafiante. Depois de meses de preparação, o movimento pôs mesmo os pés à estrada e seria difícil agora imaginar termos começado noutro lado.

Assiste aqui aos primeiros momentos e algumas intervenções: Parte 1, Parte 2, Parte 3.

Transmissão da PTRevolutionTV

Eramos mais de 50 pessoas a partir de Leirosa, depois de almoçarmos juntos, e a avançar ao longo da marginal. Parámos em frente ao mar, onde a Paula Russo, que ali mora há mais de 50 anos, contou-nos como é viver ao lado de duas máquinas de poluição e mau cheiro como são a Celbi e o complexo da Navigator. Apontaram-nos a bóia no meio do mar onde termina o emissário destas celuloses, despejando milhões de litros por ano no Oceano Atlântico. Perto da boia, as águas estavam mais escuras. Na praia os sacos de areia estavam à mostra. Uma vez mais estavam a repor a areia que tinha sido levada pelo mar…

Seguimos para a Celbi, que tinha todas as suas chaminés a despejar fumo branco no máximo, como que a desafiar-nos e a dizer: sim, sim, nós contaminamos, nós fazemos o que bem nos apetece.

Parámos frente à fábrica e, mesmo apertados de tempo, falámos de como esta é uma das maiores emissoras de gases com efeito estufa a nível nacional; como se serve da madeira de um território eucaliptizado para servir esta Indústria; como consome seis vezes mais água do que toda a cidade da Figueira da Foz; como é só uma máquina de fazer dinheiro, totalmente voltada para a exportação e não para a satisfação de quaisquer necessidades.

O caminho continuou rumo ao Complexo industrial da Navigator, onde uma fila de seguranças se dispunha à entrada das instalações. Quando arrancámos a correr na sua direção devem ter ficado em pânico.
Parámos na sua frente para discutir o que devia haver ali. Outro dia poderemos voltar para agir. Porém, o nosso percurso hoje era rumar à Figueira.

Durante o “Devia haver Aqui” falámos do enorme impacto desta fábrica histórica, onde teve base a Soporcel que viria a fundir-se com a Portucel e criar mais tarde a marca Navigator, para limpar-se de um nome já muito conspurcado. E funcionou. Esta empresa, a maior emissora nacional de gases com efeito de estufa gasta milhões em greenwashing e vende-se ainda assim como “verde”. Retira 28 mil milhões de litros do Mondego todos os anos, mais de dez vezes mais do que toda a Cidade da Figueira da Foz.
Discutimos o que poderia ser uma transição Justa para quem trabalha Ali; que atividades foram sufocadas pelas celuloses e poderiam existir Ali; o que poderia acontecer naquele espaço quando aquela fábrica necessariamente fechar.

A Caravana seguiu a longa reta até à Figueira, desviando-se para os molhes enormes que tentam, sem sucesso, travar a erosão costeira provocada pela falta de sedimentos, que não chegam ao fim do Mondego, e pela subida do nível médio do mar. Os molhes conseguem no entanto destruir correntes e ondas, como nos contou o Eurico Gonçalves do SOS Cabedelo.


Atravessámos a ponte a pé, vendo o estuário do Mondego e o porto da Figueira, até chegarmos finalmente ao Parque das Abadias, onde fizemos uma curta ciranda (instalou-se entretanto um frio glacial). Conhecemos a história daquele Parque, contada pelo movimento Figueira Viva, o único corredor verde dos afluentes do Mondego que não está coberto de betão (embora ainda haja pressões para que o seja).

Foi um longo e cansativo dia, com mais de 20 km percorridos, que terminou com a nossa assembleia de caravana e o descanso merecido. Amanhã há mais!


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